A imagem mostra a frente do Museu de Arte de São Paulo.

A publicidade grátis que o roubo do MASP proporcionou, trouxe um grande público para observar as tão famosas obras de arte roubadas e agora resgatadas. Que pena que foi necessário tal ato para despertar o povo para apreciar um pouco da riqueza cultural que possuímos.
Será que o que levou o povo a freqüentar o MASP foi a curiosidade em conhecer a pintura de dois grandes mestres que se tornaram ícones para o processo de construção da imagem? Ou os grandes pesquisadores da arte moderna? Ou seria o simples fato de as pinturas tornarem-se “celebridades”, ganhando repercussão nos canais de tv?
Qual seria o comentário feito pelos observadores das obras?
Quem sabe seria:
– Orra meu! Vim aqui só pra ver as pinturas que foram roubadas. Pô meu! Porque roubaram isso? Que mulher feia! Por que não roubaram um quadro de flores que minha tia pinta. E esse outro o que tem de mais? Um negão com mãos e pés enormes e com uma enxada na mão.
O retrato de Suzanne Bloch pertence a fase azul de Picasso. Por isso vemos um trabalho quase monocromático e quase tridimensional. O azul predominante realça o tom da pele e dos lábios laranjas por seu contraste, isso sem perder a harmonia. Não há um elemento que grite isoladamente, mas uma cor valoriza a outra.
Portinari apostou em um desdobramento da paleta terrosa, e assim mesmo com suas variadas matises conseguiu harmonia cromática. Além disso, a estrutura dessa composição de forma esquemática, quase geométrica e a distribuição dos elementos tornam o quadro um elemento agradável aos olhos e conduzem o olhar do observador para pontos de interesse.
Todos querem ver as pinturas que ficaram famosas e não as obras de arte e seus valores. Quem sabe se houvesse publicidade também para mostrar o que deve ser digno de valor em uma obra e não apenas valores agregados através da história de vida de um quadro, houvesse mais valorização do que realmente importa.
Marco Baptista

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