Crítica – Exposição Missões no CCSA



Segunda feira, 07 de fevereiro de 2011, por acaso passei no centro de cultura e vi uma exposição sobre as Missões de obras do acervo, da época em que cada expositor doava uma peça por ter usufruído do espaço expositivo. 




Sobre o espaço de exposições poderia aqui deixar minhas críticas, pois em nada colabora para os expositores e principalmente para a sociedade, pois é local de passagem, não de permanência, mas comentarei isso em outro texto.

Esta exposição foi uma boa iniciativa, acredito que há possibilidade de muito mais peças e visões variadas do tema.

Abaixo deixo para o observador as imagens de alguns trabalhos que aqui destaco, de pessoas estrangeiras, de longe mesmo, como o caso de Franca Taddei da Itália, Rosy Moreno da Colômbia e Inês Beneti de Porto Alegre. Não sou da opinião de que o chuchu do vizinho é sempre melhor que o meu, bem pelo contrário, sou bem bairrista e defendo com unhas e dentes minhas origens. 

Mas o que acontece aqui é diferente pois claramente se percebe um grau acentuado de ingenuidade nas obras de artistas locais, e falta de técnica para expressar melhor o tema que por si só já é expressivo, Ruínas Missioneiras, com algumas ressalvas como a xilogravura da santoangelense Marisa Guelber,.

A vantagem que os estrangeiros carregam é seu olhar virgem, não acostumado, estes olham para as ruínas e não vêem como as maiorias dos missioneiros, já cansados de tropeçar em “pedras”, eles visualizam um mundo até então desconhecido e nas suas peças transpõem essa carga perceptiva. Nossos artistas locais parecem não olhar dessa forma, vem apenas como belo e somente isso procuram retratar, mas as ruínas têm muito mais a nos mostrar que uma bela imagem. Onde está o tempo que insiste em marcar seus entalhes? Como trazer aos olhos do observador sua grandiosidade? Como essas pedras nos fazem repensar nossa própria efemeridade?

Como exemplos ao explorar tal tema, ruínas, eu indico ao leitor artistas como Canaletto, Piranesi ou os brasileiros Carlos Vergara que explorou magistralmente o tema das missões sendo premiado pelo IPHAN por sua pesquisa e o grande artista contemporâneo Cildo Meireles em sua obra “A Missão”. Estas pessoas mostraram em seu trabalho que possuem uma aguçada percepção e não perderam a curiosidade que tinham quando crianças, vêem o objeto por mil vezes e a cada vez olham como se fosse a primeira e tem a técnica adequada para desenvolver seu trabalho.

Estes artistas mostrados abaixo foram os que melhor exploraram de forma singular as possibilidades que o tema proporciona (nesta exposição); o que de forma alguma desmerece aos outros, pois para se ter alguma conclusão sobre um artista precisa-se olhar mais de um de seus trabalhos, e mesmo para um artista desenvolver uma obra de arte já são outros quinhentos, como disse um certo pintor: “Do meu atelier só saem bons trabalhos, arte de vez em quando”


Xilogravura de Marisa Guelber – Santo Angelo

(Com direito a reflexo do fotografo)
A xilogravura parece ter maior afinidade com o tema pelo seu material (madeira) e pela sua intensidade marcante. As linhas nervosas estão realçadas pelas retas assim como a grande área branca contrapondo as negras, isto dinamiza o trabalho e o torna mais expressivo.

Rosy Moreno – Colômbia

Por mais que seja uma composição óbvia do tema, esta peça possui um bom tratamento plástico e seu formato horizontal acentua o vazio, elemento fundamental na exploração do tema.

Inês Beneti – Porto Alegre

Também de composição simples, central, porém neste caso ao explorar uma visão alternativa poderia comprometer a compreenção do assunto. Ao explorar linhas e manchas a autora tenciona o trabalho e traz leveza na turbulência por seus vazios.





Franca Taddei – Itália

A meu ver o trabalho que melhor evocou o tema nesta exposição. Sua intensidade, e desdobramento plástico da ação do tempo trouxe uma abordagem diferenciada sobre algo fundamental na temática.




Marco Baptista

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