A construção abstrata da imagem é o tipo de assunto que sempre me gera reflexões. Com os movimentos de vanguarda, a abstração separou-se para um lado e a figuração para outro. A construção abstrata antes presentes nas obras durante toda a história da arte, se fez desnecessária, quando a figura criou independência de sua composição.
Kandinsky sempre deixou evidente que em toda construção pictórica há tensões postas consciente ou inconscientemente pelo artista. Estas tensões a que ele se refere foram estudadas pelas teorias da Gestalt, ou teoria da forma.
Gosto de comparar a pintura à musica, fato feito muito por vários pintores. Quando escutamos uma musica instrumental, ela não nos remete a uma ideia concreta e direcionada. Não caracteriza ou descreve, mas nos faz sentir e imaginar a nossa maneira.
Diferentemente, a palavra nos remete a uma cena, você visualiza algo acontecendo no tempo e espaço descrito claramente. Ao harmonizar música e letra, pode se conseguir um alto nível de expressão. O intuitivo e o descritivo agindo juntos através da razão e emoção.
O mesmo ocorre na pintura, a construção abstrata forma o esqueleto da obra e essa ativa o sentimento através de formas e cores, a figuração posta sobre esta construção em harmonia faz surgir um bom trabalho que se comunica ao máximo com o ouvinte e faz o artista ser entendido em tudo o que quis dizer.