Todos têm uma opinião sobre como resolver os rumos do país. Todo têm uma opinião sobre como ser campeão mundial de futebol. Todos têm opinião sobre tudo. Somos pitaqueiros por natureza, isso ninguém pode negar.
Opinar é uma maneira de demonstrar interesse sobre o assunto. O problema é quando simples opiniões infundadas são aceitas como máximas, podendo causar um desserviço à educação. Imagine um professor de história que não se atém a dados históricos e expõe suas aulas de forma irresponsável criando um emaranhado na cabeça do aluno, ou um jornalista que não se preocupa com a veracidade de suas informações. Alguém que se propõe em ensinar algo tem a responsabilidade de fazer com seriedade. É impensável um agente de informação se deter em “achismos” e, muito menos, externá-los como conclusivos, a menos que os manifeste como opinião particular.
Bem, um dos maiores dilemas da humanidade e ainda não respondido com satisfação é a pergunta: O que é arte? Esta simples questão é responsável pela sinapse de muitas mentes de filósofos e artistas. Mas porque é tão complicada essa questão? E o que tem a ver com as opiniões particulares? Por ser uma questão complexa é que devemos ter cuidado com as afirmações pessoais. Ninguém se atreve a opinar sobre a teoria da relatividade sem ter conhecimento de suas leis básicas. Mas porque todos sentem o direito de definir o conceito de arte e até mesmo julgar o que é bom ou mau?
Se a arte se apóia em valores estéticos podemos com certeza afirmar que o observador tem total poder de definir o que é, e o que não é arte. Será? O que são estes valores estéticos? É a beleza? Mas como definimos o que é belo? Pelo gosto pessoal? Se for assim, o que é arte para um, não é para outro, e isto é um enorme problema, pois o mesmo objeto pode ser e não ser arte, que contradição! E o que podemos dizer sobre trabalhos sem qualquer pretensão de serem belos, como as pinturas do gaúcho Iberê Camargo ou os expressionistas alemães. Então não devemos julgar por critérios pessoais pois estes não são requisitos fixos de avaliação.
Ora, mas sempre ouvimos falar que arte é expressão. Pronto, este é o critério que procuramos. Tem certeza? E o que podemos dizer de trabalhos concretistas ou minimalistas que não se enquadram nesta afirmação, pois veementemente anulam qualquer ação expressiva assim como imagens realistas que se propõem como ilusórias por sua apurada técnica de imitação?
E agora? Será que não há definição coerente? Até podemos chegar a certas conclusões, mas como seria possível resumir a poucas linhas algo que acompanha a humanidade desde seus primórdios e é a grande responsável por seus avanços como sociedade. Podemos ver que não é algo tão simples de ser definido. Generalizando, podemos supor que arte é fruto da potencialidade humana, refletindo a realidade e o pensamento de seu tempo.
Não há problemas em procurar respostas, pois é esta busca que faz o ser humano ir para frente. O problema é quando se criam afirmações que não competem à realidade total, mas parcial sendo, portanto, falsas conclusões. Se pudéssemos resumir arte em poucas linhas é porque ela não é tão grande e necessária assim, nem sequer seria algo que mereceria alguma preocupação em entender e definir. Portanto cuidado com “web-afirmações” infundadas.
(Marco Baptista)