Hoje eu gostaria de registrar aqui um ícone da videoarte no Brasil. Mas antes, vamos contextualizar a cena. O ano era 1974 A arte brasileira estava em ritmo crescente, advinda dos pensamentos neoconcretistas, novo realismo, nova objetividade e tropicalismo.
Neste cenário, alguns artistas cariocas foram convidados a participar de uma mostra de videoarte em Filadelfia, (a cidade de Rocky Balboa). Assim deu-se início as pesquisas em vídeo por parte de artistas nacionais. Letícia Parente une-se ao grupo no ano seguinte, 1975 e aqui chegamos ao nosso objetivo.
No vídeo Marca Registrada, Letícia aparece bordando a frase “MADE IN BRASIL” na sola de seu pé. Isso é algo que provoca nossos sentidos mais básicos ao mesmo tempo em que expõe inúmeras questões, seja quanto a técnica, conteúdo e até contexto histórico.
Letícia é uma dos artistas que remontam suas pesquisas ao que há de mais primitivo, o corpo ao lado das novas pesquisas quanto a suportes, dentre os quais o vídeo.
O próprio ato de cravejar agulha com linha sob a pele, já é algo provocante aos olhos, porém o que acho importante são outras questões: A escrita “MADE IN BRASIL” em inglês, nos faz referência a artigos comercializáveis como produtos: roupas, brinquedos, etc. Estes objetos que possuem a marca de procedência, afirmam sua origem, também os colocam como produtos de um sistema econômico mundial de importação e exportação. Desta forma Letícia está afirmando seu regionalismo como brasileira, ao mesmo tempo em que pontua sua globalização, como cidadã do mundo e como produto deste mundo.
Devemos lembrar que o vídeo é feito em um mundo polarizado e sob um sistema político questionado por muitos.
Para quem quiser ter uma experiência mais profunda eu indico a visita a Fundação Iberê Camargo em Porto Alegre, que está com uma exposição bacana de vídeoarte e logo de início, “MARCA REGISTRADA” de Letícia Parente.
Logo publicarei um video que mostra minha visita a esta exposição. Para quem não pode ir, pode assistir aqui mesmo. Clique no video abaixo e aproveite!